O setor imobiliário é um dos principais pilares de qualquer estratégia utilizada para incentivar e movimentar a economia de um país. Além de movimentar uma grande cadeia industrial que alimenta esse setor, tem a capacidade de absorver uma grande quantidade de mão de obra – desta forma é possível reduzir índices de desemprego de forma mais acelerada, não necessariamente sustentável no longo prazo.
Para que isso seja viável, é necessário que haja disponibilidade de crédito a um custo que justifique o investimento das incorporadoras, o que não é difícil quando se utiliza subsídios. É uma fórmula inquestionável de sucesso no curto prazo. A questão a ser discutida é a intensidade com a qual essa estratégia é adotada, o que pode gerar uma sobreoferta de imóveis, aumento dos níveis de endividamento e inadimplência da população. Essas consequências só serão percebidas no médio e longo prazos, de forma cíclica: momentos de exuberância econômica seguidos por crises. Consequentemente, da mesma forma que emprega rapidamente uma grande quantidade de trabalhadores, facilmente faz o caminho inverso, causando desemprego e inadimplência.
Segundo uma matéria da CNN Brasil publicada no dia 24/09/2023, “Mesmo a população de 1,4 bilhão de habitantes da China não seria suficiente para preencher todos os apartamentos vazios espalhados pelo país”. O fato de haver mais imóveis que possíveis ocupantes não é em si o grande problema, mas a proporção é assustadora e pode ser um grande problema – a construção dessa grande quantidade de unidades vagas foi custeada e financiada com incentivos e alavancagem financeira para impulsionar a economia daquele país, o que se mostrou efetiva naquele momento: altas taxas de crescimento econômico. Ocorre que as consequências de longo prazo começam a aparecer: a Evergrande pediu proteção contra a bancarrota em NY e a Country Garden perdeu prazos de pagamento de empréstimos.
É sempre bom olhar as possíveis consequências no longo prazo, pois quem paga é sempre a população mais vulnerável.